Seu nome não é uma lenda é sim uma legenda de amor , bravura e generosidade. Conto um pouco de quem foi Clara para mim com muito carinho... até chegar a nossa doce Clarinha que comemorou seu primeiro ano de vida neste final de semana.
Minha neta traz consigo o amor, a felicidade e o nome de minha avó, uma mulher admirável responsável por povoar a minha infância de beleza, de histórias, uma mulher que contou-me cada passo da revolução com riqueza de detalhes como se eu lá tivesse, uma mulher valente cuja bravura, amor e dedicação a tornaram um símbolo de sua época. Clara dos Santos Lamezon, casada com João Antonio Lamezon, que tombou cedo no alto de uma coxilha, tendo como mensageiro o seu cavalo que chegou em casa sozinho, para dar a notícia, filha de Veterano da Guerra do Paraguai, Manoel Tomaz dos Santos Vaz e Deolinda de Oliveira Santos, criou suas filhas seis filhas e um filho, suas netas, suas filhas adotivas, suas criadas e criados e para todos deu seu nome e todas receberam o mesmo carinho. Altiva e valente nunca teve medo de nada enfrentou os fantasmas da revolução com coragem e desassombro. Tenho saudade daquele colo macio, daquele abraço que me tornava segura dona do mundo que eu não conhecida, pois tinha apenas seis anos. Ela enriqueceu a minha meninice com coisas nobres e de muito valor famíliar, me fez amar e me orgulhar de minha brava gente pois em tudo que me contava ela colocava a emoção vivenciada. Sua casa era de todos os que precisassem, digamos assim não tinha tramela, lembro-me ainda da casa grande de muitos cômodos os quartos eram um de cada cor tinha o quarto verde, o quarto azul, o quarto amarelo entre outros, as varandas todas com redes que a gente voava, podendo pegar o impulso na parede, uma varanda que dava para os fundos, de onde ela controlava tudo o que se passava. A minha vó em sua cadeira de balanço e eu no meu banco mocho ficava aparando palha e ouvindo histórias. Na sombra da castanheira gigante, que tomava conta do pátio, eu me deliciava com balanços, brinquedos em sua raízes eu me deitava e sonhava os mais doces sonhos. A casa era cheia de gente sempre, lembro da mesa grande, as comidas campeiras, quanta saudade, a paçoca de charque com batata frita não tinha melhor, era socada no pilão. E o tempo de colher frutas para fazer as marmeladas, goiabadas, no tacho cigano, a gente passava o dia em função e depois ela guardava em umas caixinhas de madeira, lembro-me o que aprontava, enquanto ela começava um lado eu começava o outro, acabava no meio. Não posso esquecer d a canjica e do pão de forno, ela fazia um lagarto para cada uma das crianças da casa e colocava os olhos de feijão, minha mãe também fazia isto para os meus filhos. Eu tive uma infância encantada sempre digo isso, vivi com meu pai mil emoções, senti o perigo de perto, o friozinho na barriga, tive colo de mãe e proteção de avó, tive carinho e brinquei muito, e é isso que desejo para a minha neta Clarinha, que seja feliz como sua vovó foi e que busque as suas escolhas com determinação como sua mãe o fez. As mulheres da família tenho certeza todas estão cheias de orgulho em termos uma nova Clara, talvez com outras características, pois vivemos em outra época, mas com um legado lindo, um nome de alguém que construiu uma história de honradez e dignidade, e nem precisou deixar seu nome na história para ser lembrada, quem a conheceu jamais a esqueceu.. Clarinha sua bisavó foi um exemplo e você escreverá a sua maneira a sua trajetória e sei que em muitos pontos vocês se encontrarão. Minha neta linda, amamos você antes de seu nascimento e te amaremos eternamente por aquilo que fores, a nossa bebê. Alce grandes voôs, pois tuas raízes são profundas e te sustentarão. O importante minha adorada e doce Clara é que sejas muito muito Feliz neste mundo que seus pais preparam para te receber!!!!
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